sexta-feira, abril 29
Perdi a conta de quantas foram as vezes que chorei sozinha, derramei uma poça de água no travesseiro, encharquei os olhos, deixe-os vermelhos e doloridos. Perdi a conta de quantas foram as vezes que chorei sozinha, mas no fundo queria um colo para dizer que não aguento mais. Perdi a conta de quantas foram as vezes que pensei em usar a navalha para um dar um fim ou simplesmente apertar o gatilho: e bum! Acabar com a dor. Perdi a conta de quantas vezes me vi só num abismo maior que a minha própria compreensão, perdi a conta de quantas vezes cai e não consegui levantar, perdi a conta e continuou perdendo de quantas vezes já me senti assim: um lixo!
Talvez não seja só eu que perca as contas de quantas vezes já se perdeu e nunca mais se encontrou. Choro baixinho no momento, com a esperança de desaguar toda a tristeza, de purificar a retina e a alma. De criar discernimento. Choro baixinho e sem parar na esperança de esquecer o meu pranto. De reduzir montanhas de tristezas em leves e finas poerias flutuantes, que por sua vez devam desaparecer na ventania que se instala lá fora. 
Perco as contas de quantas vezes precisei me recompor e quantas vezes fiz isso só, de quantas vezes tive que desabafar com nós na garganta esperando que algo ou alguém pudesse me salvar. Quantas foram as vezes que usei a bebida como uma aliada? E quantas tive insucesso em ser feliz? 
Quantas foram as vezes que precisei ser forte e não consegui? Quantas? Nunca fui bom em matemática. Nunca fui bom nas operações. Perdi. Me perdi. Perdi a conta. Mas tem gente que diz que as vezes se perder é encontrar o caminho. Será? Ainda não encontrei a linha torta que vai me salvar. Meu caminho tão só não me leva a lugar nenhum. Minha tristeza enlatada permanece. Meu pranto permanece. Perdi a conta do que é viver. Perco-me no abismo entre ser e sentir. Perco-me e me encontro aqui perdida nas emoções banais de viver e não sentir. 


Sophia de Andrade

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Letícia Iandeyara. Tecnologia do Blogger.
Cada dia eu me reinvento, na dor, na alegria, no amor, na ausência. Não sei me definir. Só sentir.

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