sábado, agosto 2
Quando
eu tinha 8 anos, escutei uma canção que dizia “mesmo que seja estranho seja
você, mesmo que seja bizarro” eu nunca entendi como alguém poderia ser bizarro.
Até que depois de dez anos, eu era estranho, eu era bizarro. Falava o que
pensava. Eu não era igual. Certamente, eu tinha algum problema. As vezes, eu
conseguia disfarçar, usava algum tipo de máscara e me passava despercebido. Em
outros, eu era como uma bomba que explodia quando via que tudo estava fora do
lugar, queria consertar o mundo, salvar os animais, a água, o planeta. Eu não
tinha modos. Não seguia regras. Tinha meus valores e prezava por eles. Eu não
mentia. Eu ajudava os próximos quando eles não pediam, mas eu
negava ajuda quando eles a clamavam. Eu só fazia o que eu queria. Era
impulsivo, mas calculista. Eu pensava além, pensava dez minutos adiante de
qualquer pessoa. Eu não batia bem da cabeça. Às vezes era um cara engraçado,
mal humorado em tantas outras vezes. Eu era tudo um pouco, assim como todos nós somos um fragmento de infinitas coisas. Somos um
gráfico de altos e baixos. As vezes, oscilávamos alto demais ou baixo demais. Perdíamos-nos
no turbilhão de emoções e sentidos. Eu tinha os meus trejeitos. Minha solidão.
Meu silêncio. O meu espaço. O meu mundo. A minha particularidade. A minha
individualidade. Essa era a barreira entre a dicotomia do meu mundo para o
mundo dos outros. Era o não entendimento do meu ser perante o julgamento
precoce do outro. Eu sei que por dentro eu tinha um lado bom, mas por fora, eu
era só o lado mau. O lobo, o selvagem. Eu tinha apenas 18 anos e sentia na pele
preocupações além da minha idade. Eu era imaturo. Estava aprendendo a usar máscaras e
mentiras. Eu era um infrator. De tão bizarro que eu era, me escondi em mim
mesmo. Como daquela vez em que me perdi no meio do caminho e nunca mais voltei
pra casa. A vida não fazia sentido. Eu não fazia.
xxx
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Letícia Iandeyara. Tecnologia do Blogger.
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